Darley Arruda sabia o que estava fazendo. Foi instruido desde criança sobre a diferença entre o bem e o mal. Teve todas as oportunidades para ser "bem sucedido" (Meu Deus, o que é isso? - isso é papo para outra estória) conforme reza os padrões de nossa sociedade.
Marivalda estava morrendo de fome. Também sabia a diferença entre o bem e o mal, embora não tivesse sido instruída quando criança. Teve todas as oportunidades para se tornar o que é hoje: Pobre, negra e sem estudo. Uma pessoa "má sucedida", um fracasso (De novo: o que é isso? De novo: papo para outra estória).
Arruda estava lá, sentado em seu escritório metendo um maço de grana no bolso. À medida que o dinheiro entrava, sua consciência avisava que aquilo era errado, mas ele...nem aí com isso. Metia a grana no bolso porque se julgava merecedor e sua mulher queria uma casa de praia.
Mari metia um frango de feira na sacola e saia correndo. Sabia que era errado, sua consciência avisava, mas ela nem aí pra isso. O ronco de seu estômago ensurdecia qualquer vestígio de consciência.
Darley foi pego numa arapuca armada pelas autoridades e vive agora posudo na TV esbravejando sua inocência. Enquanto se rasga de rir por dentro, chora as pitangas da injustiça que lhe é imputada. Ele sabe que um exército de advogados o deixará tanto tempo livre das grades quanto necessário para uma prescrição ou mesmo sua morte. Ninguém nunca porá a mão em seu suado e escondido dinheirinho. Ele está certo disso. Isso aconteceu há 4 anos e nem sequer começou ação penal contra Arruda, pois é "autoridade" (de quê e de quem eu não sei, mas enfim).
Mari foi pega logo na esquina. Isso aconteceu há 4 anos e ela está presa até hoje aguardando julgamento. Ela não tem grana para bancar um exército de advogados...nem para o frango.
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