Quando alguém que amamos morre, é como se Deus estivesse parado por um instante nossa vida. É como um ponto no lugar de uma vírgula.
O movimento parece ficar suspenso por alguns instantes. Como uma pausa poética, nada mais importa. Uma pausa para pensarmos no que importa, só no que verdadeiramente importa.
Passamos quase toda vida nos degladiando contra ( e perseguindo) pequenas coisas. Quando não estamos fazendo isso...estamos dormindo. Só pensamos no que realmente importa quando eventos tristes (mas esclarecedores) como esse acontecem. Vivemos plenamente por poucas horas ou poucos dias na "essência da vida". Frequentemente me forço a pensar nisso, e me acho doido por isso.
A essência da vida nos toca por poucos instantes. Alguma coisa faz engendrar esse mecanismo em nós. Ficamos altamente sensíveis, como se nosso espírito transbordasse de nosso corpo físico e só ele tocasse a realidade. Penso que a alvanca que aciona esse mecanismo é a dor. Uma dor avassaladora ( e somente uma dor avassaladora) nos toca a esse ponto.
Nem todas as pessoas conseguem chegar a sentir "a essência da vida". Não sei se por sorte, pois é preciso muita dor pra isso, ou azar, porque como chamo: é a "essência da vida".
Acredito não sermos capazes de atingir essa essência de forma simulada. Não. Não somos capazes. É como um toque Divino. Ele escolha a hora o lugar e a quem.
Não consigo nem imaginar o tipo de sociedade que teríamos se vivêssemos todos na "essência da vida". Pois tudo que conheço como relaidade, tudo que é lido por todos os meus sentidos, ao toque "dela" não é nada.
Alcançar a "essência da vida" sem dor deve ser como enxergar o próprio Deus.
10/2006.
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